Árbitro de vídeo no Brasileirão 2019: Para baixar custos CBF precisa da Globo
Foto: Fernando Torres/CBF |
Durante seminário sobre VAR realizado pela CBF, ficou claro que há
consideráveis desafios para a entidade implantar o árbitro de vídeo para o
Brasileiro-2019 apesar da pressão de clubes. Entre as barreiras estão: o
custo básico é alto, ainda há ajustes na equipe (árbitros e operadores
de vídeo) e não existe um acordo feito com a Globo. O congresso serviu
para IAFB (International Board) e Fifa darem instruções e sugestões às
federações estaduais e à confederação sobre o sistema e protocolo.
Acompanhando
a implantação do VAR no Brasil há dois anos, o gerente de serviços da
IAFB, Dirk Schlemmer, vê bastante evolução no país, mas entende ser um
desafio expandir o uso para todo o Nacional. ''Não posso dizer se estão
prontos. Mas não estou preocupado porque mostraram capacidade. É um
grande desafio realizar isso no campeonato'', analisou.
Em sua
palestra, Schlemmer tratou de questões financeiras e legais para
implementar o VAR. Segundo ele, os custos do árbitro de vídeo em
campeonatos inteiros variam entre US$ 250 mil e US$ 5,5 milhões (R$ 21
milhões), dependendo da sofisticação. Ele ressaltou que não dá para
estimar o custo de cada liga porque elas têm condições ''bem
diferentes''.
Mas há uma diferença grande para o primeiro orçamento feito pela CBF para o Brasileiro 2018.
Na ocasião, foi informado aos clubes que teriam de arcar com R$ 20
milhões por turno, R$ 50 mil por jogo. Ou seja, o campeonato inteiro
sairia por quase o dobro do mais caro analisado pela IAFB.
''Não
dá para comparar com o Brasil pelo tamanho continental'', afirmou o
diretor de VAR da CBF, Ricardo Bretas. Ele ainda está desenhando o
projeto de árbitro de vídeo para 2019 para encontrar o de menor custo.
''O objetivo é reduzir custo para clubes e CBF''. Haverá uma
concorrência entre empresas.
Uma das ideias em análise é fazer um centro de VAR fixo, como fez a Rússia na Copa do Mundo,
o que reduziria custos de viagens e instalações. Mas o problema é a
qualidade da fibra ótica no Brasil pode deixar muito lenta a chegada das
imagens à central e inviabilizar o imediatismo necessário do mecanismo.
Esse
é só um dos desafios técnicos. A CBF terá de encontrar operadores de
vídeo experientes e não há tantos no mercado. A Globo nunca quis ceder
os seus para não se envolver na operação, apenas na cessão das imagens.
Outra
questão é a do número de árbitros. Atualmente, a CBF já treinou 98
árbitros, e outros passaram por treinos da Fifa. Assim, a soma total é
de 106 deles preparados. É suficiente. mas isso obrigará a repetição de
escalas.
''Teremos que fazer a escala com antecedência, e não vai
dar para tirar (um árbitro) por um erro'', contou o coordenador do VAR
no Brasil, Sergio Corrêa.
Uma terceira questão é o acordo a ser
feito com a Globo que cederá as imagens. Schlemmer ressaltou que é
essencial acertar um contrato com a emissora transmissora do evento. A
Globo, no entanto, não tem contrato com a CBF para o Brasileiro, o que é
feito diretamente com os clubes.
Bretas disse que ainda não se iniciou uma negociação com a emissora para tratar da questão. Só foi conversado sobre a Copa do Brasil
que teve VAR pela primeira vez neste ano. Em 2017, quando se tentou uma
implantação rápida do VAR, as conversas com a Globo chegaram a travar
na questão da operação.
Em relação a câmeras, não deve haver
problema. O mínimo exigido pelo protocolo da Fifa é de quatro câmeras. A
Globo costuma usar um número entre sete e 17 equipamentos dependendo da
qualidade do jogo. Não há problema ter um número diferentes de câmeras
por jogo, segundo a IAFB.
Apesar do desafio, especialistas da Fifa
e da IAFB viram evolução no VAR usado no futebol brasileiro. ''Foi uma
surpresa porque a Fifa não tinha visto a empresa que trabalhou aqui. Mas
ficamos positivamente impressionados. Quando pedimos ajustes pequenos,
no dia seguinte, já tinham feito'', afirmou Sebastien Runge, chefe do
departamento de tecnologia e inovação do futebol da IAFB/Fifa.
Na
reta final do Brasileiro, o Inter levou uma petição com a assinatura da
maioria dos clubes pedindo o árbitro de vídeo para o próximo Nacional.
Naquela ocasião, a CBF disse que não estava pronta para implantar
naquele momento. Mais do que isso, clubes que assinaram como o
Corinthians, por exemplo, dizem que só aceitam se a CBF pagar.
Em
2018, foi recusado pela maioria dos clubes por conta dos custos. Agora, o
projeto da CBF ficará pronto para ser mostrado no Conselho Técnico da
Série A, em 2019, para decidir se o VAR entra ou não no Brasileiro.
Com informações Blog do Rodrigo Mattos - UOL Esporte
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