ANÁLISE: POR QUE DISCUTIMOS O CALENDÁRIO SÓ AGORA?

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Qual o papel da mídia esportiva ao pensar o calendário do futebol brasileiro? A pergunta é recorrente a coluna e, por vezes, com focos diferentes, mas sempre pensando o papel da mídia em relação ao tema proposto. E aqui o calendário do futebol brasileiro. O COVID-19 paralisou o esporte, mas o calendário do futebol é um problema anterior, e sempre encoberto. O vírus o deixou nu, com as vergonhas de fora, mas a gestão do futebol, parece que ficou no vírus, e não no problema crônico.

O maior dos equívocos da proposta vigente até março de 2020, era um espaço esmagado onde aconteciam os estaduais e depois dele, apenas as quatro séries nacionais, e um longo ano de inatividade. Por exemplo, o Clube Atlético Metropolitano (Blumenau), foi rebaixado na primeira semana de abril de 2019, e voltaria apenas em campo, em maio de 2020, voltaria. Muitos meses sem atividade. Neste intervalo, até foi ofertada a Copa Santa Catarina, mas com qual intenção uma copa deste tipo, dentro da estrutura do futebol? Não é apenas uma copa, mas pensar uma lógica de jogabilidade.

O espaço de inatividade significa que saímos de mais de 350 times em atividades, nos primeiros meses do ano, com uma redução para aproximadamente 130, na maior parte do ano. O que resulta em mais de 20 mil profissionais (segundo os números que o Bom Senso FC, trabalhava), ou 18 mil profissionais segundo a Fenapaf (Federação Nacional de Atletas Profissionais do Futebol), de desempregados após o término dos estaduais.

O problema sempre esteve aí. Para deixar claro, basta lembrar de algumas histórias dos atletas do Afogados da Ingazeira, após eliminar o Atlético Mineiro. Alguns do elenco, dividiam o tempo entre o esporte e um trabalho que garantisse renda extra. O mundo milionário é para poucos. Os dados da Fenapaf, dão conta que atualmente, a média salarial dos profissionais é aproximadamente 3 mil reais. O país do futebol é um país de clubes quebrados e jogadores pobres. A vida de estrela é exclusividade de poucos.

O problema da agenda não é consequência apenas do COVID-19, mas de uma política que não abraça o futebol dos pequenos clubes com uma proposta sustentável de calendarização. Muitos poderiam dizer que é responsabilidade da CBF, mas o objetivo da confederação, segundo o site institucional, é “liderar, promover e fomentar a prática esportiva do futebol no Brasil, por meio de competições nacionais”. Diante disso, duas possibilidades me aparecem. Primeira, criam-se um modelo de competição nacional para todos os clubes, com jogos anuais, ou as federações estaduais, justifiquem sua existência, bancando competições regionalizadas para os clubes, com um calendário sustentável. Não como fugir muito disso.

Não haverá caminho sem financiamento para os clubes por meio das federações e da confederação. Alguns afirmam que a CBF, há anos, vive uma margem de lucro gigantes. Qual o objetivo deste lucro, senão, beneficiar os pequenos? E daria para fazer tudo isso mantendo os famigerados estaduais. Nacionais das diferentes divisões no final de semana, e copas e estaduais no meio da semana. Que a parada do COVID-19 produza reflexão nas pessoas da gestão do futebol.

Falo do papel da mídia, porque o tema fica escondido. Pouco se fala dos problemas e da desigualdade social proporcionada pelo futebol. Se cala, prefere-se discutir fofocas de transferência em vez da gestão do futebol. O papel da mídia não é apenas espetaculizar o jogo, mas trazer a tona, colocando o dedo em algumas das feridas crônicas que nossa má-gestão deixa acontecer. Mas os debates que vi, há poucos sobre calendário, foram na verdade, um show de horrores que se discutiu sistema de pontos apenas… pobre mídia, pobre futebol. 

Por Albio Melchioretto / Portal Esporte e Mídia

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