Criação da Liga de Clubes do Brasil: conheça as opções para receber investidores e multiplicar receitas
Foto: Departamento de Imprensa da CBF / Lucas Figueiredo |
Em reunião em São Paulo, a Liga de clubes das Séries A e B deu seus primeiros passos para traçar um plano para multiplicar receitas do Brasileiro. O projeto pode incluir a presença de investidores para fazer aportes bilionários aos clubes em troca de participação na liga. Por isso, a entidade se abriu a discutir com consultorias financeiras e de direitos de TV, especialistas em marketing esportivo e fundos. Em paralelo, negocia com a CBF uma transição transparente. As informações são do blog de Rodrigo Mattos no UOL Esporte.
De concreto,
o encontro na segunda-feira firmou a adesão de todos os 40 clubes das Séries A
e B. E estabeleceu que em 90 dias estará pronta para ser votada a estrutura
jurídica da Liga que, provavelmente, será feita por meio de uma associação
civil com os times como sócios.
Ao mesmo
tempo, a Liga abriu a reunião para ouvir propostas dos grupos KPMG e Dream
Factory; da empresa Codajas, do advogado Flávio Zveiter e do ex-executivo da
Coca-Cola Ricardo Fort; a empresa Livemode (especializada em direitos de TV) e
a consultoria Mckinsey. Também será ouvida a consultoria EY, que atua em vários
clubes, na reunião do dia 22 de julho.
Por trás
desses grupos, há o interesse de fundos internacionais, investidores e empresas
de mídia que podem fazer aportes na Liga. Entre eles, estão o CVC e Advent. São
grupos que aportam dinheiro em ligas da Europa ou em negócios de entretenimento
e esporte em geral.
A entrada
desses grupos do negócio da Liga dependerá do modelo a ser escolhido pelos
clubes. Por enquanto, essas propostas são vistas como ideias iniciais
justamente para os clubes decidirem qual será a estrutura. Há uma premissa de
plano de negócios longo de até 10 anos para explorar os ativos da Liga.
Atualmente,
os Brasileiros das Séries A e B geram em torno de R$ 1,7 bilhão para os clubes,
sendo R$ 1,5 bilhão na elite e o restante no contrato da Segundona. A ideia é
que, ao se explorar ao máximo o potencial, o Brasileiro possa multiplicar sua
receita atual por duas ou três vezes.
A Codajas
Sports Capital, grupo de Zveiter e Fort, acenou com a ideia de um aporte para
se tornar sócio de até 20% da Liga. Para isso, faria um investimento
correspondente a esse percentual de um contrato de 10 anos de receita da Liga.
Ou seja, poderia fazer um aporte entre R$ 1,5 bilhão e R$ 3 bilhões. A empresa
da Liga seria avaliada entre R$ 15 bilhões e R$ 18 bilhões.
A ideia
deste grupo é fornecer o know-how para a construção da Liga com executivos como
Rick Perry, ex-executivo da Premier League e atualmente no controle da outras
divisões inglesas. Como sócios, ajudariam com o desenvolvimento para aumentar as
receitas. O grupo pretende fazer uma proposta formal para a Liga.
Já a KPMG,
que auxilia Vasco e Corinthians, propôs uma garantia mínima aos clubes de
receita de R$ 1,5 bilhão ao ano. Ou seja, se comprometia a pagar o que existe
atualmente. Em troca, daria um aporte de adiantamento neste mesmo valor aos
clubes. Acenou ainda com um fundo para pagamento de dívidas a ser descontado
das receitas futuras. Isso serviria para ajeitar as contas dos associados.
Haverá cobrança pelos seus serviços.
A Codajas
também fez uma proposta de extensão do Brasileiro por dez meses. Mas não deve
ser uma discussão no momento porque causaria discórdia com times paulistas que,
a princípio, querem preservar seu Estadual. A FPF (Federação Paulista de
Futebol) apoia fielmente a Liga. A longo prazo, no entanto, a extensão do
Brasileiro por dez meses é vista como essencial por pelo menos três clubes
ouvidos pelo blog.
A EY também
vai apresentar um modelo de Liga, traçando cenários sobre a estruturação ideal,
potencial de crescimento e ideias para formas de maximizar receitas. É possível
a associação com fundos que têm contato constante com a empresa para o
investimento no Brasil. A EY atua já em assessoria ou consultoria para clubes
como o Atlético-MG, Flamengo e Cruzeiro.
A LiveMode
(que negocia os direitos do Paulista) e a Mckinsey são candidatas a prestadoras
de serviços em suas áreas.
O objetivo
dos clubes, neste momento, é mais expandir conhecimento. Nenhuma discussão se
aprofundou sobre qual o modelo. Até porque aportes de dinheiro iniciais podem
ser interessantes para clubes endividados, mas significam a cessão de ativos
futuros da Liga. Alguns dirigentes de times veem como desvantajoso acertar a
cessão de direitos antes de ter certeza do potencial.
Um conselho
está montado com o Red Bull Bragantino, Palmeiras, Bahia, Cruzeiro e
Athletico-PR. Advogados de clubes vão dar a estrutura jurídica da Liga, sendo
liderados por André Sica, advogado do Palmeiras e Red Bull.
Os clubes
anunciaram a organização do Brasileiro já em 2022, mas há uma forte
possibilidade de ser adiado para 2023. Há uma avaliação de que não seria
possível estruturar tudo a tempo do próximo Nacional.
A intenção
dos membros da Liga é realizar uma transição de forma harmônica com a CBF.
Trata-se de uma incógnita porque a confederação vive uma guerra política
interna desde o afastamento do presidente Rogério Caboclo, com tentativas de
interferência do ex-presidente Marco Polo Del Nero.
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