Análise: estaduais viraram produtos de pay-per-view para o Grupo Globo

 

A transmissão de finais de estaduais na Rede Globo era quase uma tradição de final de abril, um marco do fim da primeira etapa da temporada. A partir de 2022, no entanto, isso ocorrerá em poucos estados. Há uma chance, porém, que os jogos estejam disponíveis nas plataformas do Premiere, produto de pay-per-view do Grupo Globo.

Essa restrição das partidas à plataforma paga tem uma série de explicações, de mercado, de concorrência, de política. E sinalizam também para uma nova tendência: as competições têm que gerar renda certa para justificar o investimento.

Primeiro, expliquemos o cenário. No principal mercado, a Globo perdeu os direitos da TV Aberta para a Record: fez uma proposta inferior. No Rio de Janeiro, a emissora paulista também levou, mas a explicação é mais complexa. Há uma disputa judicial da Globo com a Ferj que dificultava o acerto, e a Record permitia um modelo que liberava os direitos de ppv.

E o que fez a Globo? A emissora já fez propostas pelo ppv do Paulista. Há uma discussão entre um valor fixo ou um percentual do que será arrecadado. Até agora não houve um acerto entre as partes.

No Rio de Janeiro, após uma reaproximação dos clubes, a emissora também sinalizou com uma proposta pelo ppv. As discordâncias entre os clubes e a prioridade dos times grandes dadas às suas TVs, no entanto, congelaram as negociações, que hoje estão distantes.

Há negociações da Globo com as federações do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais pelos ppv dos campeonatos estaduais. Não foram incluídas propostas pela TV Aberta, que devem ser tocadas pelas filiadas locais.

Se conseguir os direitos desses pay-per-views, a Globo tem como objetivo reduzir a debandada habitual de torcedores no período sem Brasileiro, do início de dezembro até o início de abril. Assim, o investimento no ppv pode estabelecer um ganho certo com a mensalidade. Há uma questão: como medir a adesão ou retenção de consumidores por causa do ppv? É possível fazer isso por mercado, RJ, MG, SP, RS, mas não necessariamente há uma precisão de quem ficou no produto só por inércia. 

É certo que os estaduais permitem à Globo ter um volume de jogos durante um período longo de meses. Sem eles, só terá a Copa do Brasil para oferecer.

Em compensação, na TV Aberta, a Globo já vende um pacote de publicidade com menos entrega de jogos do que antes. O número total chegava a até 90 partidas nos pacotes publicitários anteriores. Esse montante ficou restrito a 60 neste ano. Ainda não há um pacote fechado de datas para o próximo ano, mas não será grande.

A preferência da Globo só por ppv reduz a renda dos estaduais com exceção do Paulista. O campeonato de São Paulo já levantou em torno de R$ 100 milhões com dois contratos, pelo que apurou o blog. Enquanto isso, o Rio de Janeiro gerou menos de R$ 50 milhões no primeiro ano, Minas e Rio Grande do Sul têm perspectivas menos otimistas.

Neste cenário, os clubes de fora de São Paulo podem, no futuro, questionar se vale a pena manter tantas datas com menos geração de receita. E aí poderia haver um impacto no calendário do futebol brasileiro. Para 2022, estão confirmadas 16 datas para as competições.

Por blog de Rodrigo Mattos / UOL Esporte

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