Por manter Del Nero, Brasil é um dos lanternas em investimento da Fifa
Sob a administração de
Marco Polo Del Nero, a CBF se tornou uma das federações nacionais lanternas em
repasses recebidos da Fifa para projetos de desenvolvimento do futebol. Na
América do Sul, só supera a Venezuela em dinheiro dado pela entidade mundial. A
Fifa interrompeu o envio de recursos ao Brasil porque o dirigente máximo do
país está envolvido em acusações de corrupções, e atualmente suspenso provisoriamente.
O chamado ''caso Fifa''
estourou em 2015 com a prisão de José Maria Marin, antecessor e aliado de Del
Nero na CBF. No final do ano, o Departamento de Justiça dos EUA informou que
Del Nero também era acusado de receber propinas em contratos da CBF e da
Conmebol. A partir daí, o Comitê de Ética da Fifa abriu procedimento contra o
presidente da confederação que renunciou ao cargo no Comitê Executivo da
entidade.
Outra medida foi
bloquear recursos para CBF seja do programa de legado da Copa (US$ 100
milhões), seja do programa de Fundos de Avanço para o Futebol. Um relatório
financeiro da Fifa divulgado nos últimos dias mostrou quais federações
nacionais foram beneficiadas com esse programa. E o Brasil está entre os
lanternas.
Pelo documento, a CBF
recebeu US$ 200 mil (R$ 658 mil reais) de fundos nos anos de 2016 e 2017, 8% do
previsto no total que era de US$ 2,5 milhões (R$ 8 milhões e 300 mil reais). Ou
seja, o Brasil perdeu cerca de R$ 7,5 milhões em investimentos em projetos de
futebol só para manter Del Nero na cadeira de presidente. Em seu documento, a
Fifa explica: ''Aquelas associações membros sob sanção ou suspensão não são elegíveis
para receber fundos do programa de avanço.''
Na América do Sul,
apenas a Venezuela, país que atravessa crise econômica e institucional, ficou
atrás. O país recebeu 4% da renda prevista, em um total de US$ 100 mil. No
continente, a média é de que os países tenham recebido 52% da verba prevista.
Até federações nacionais que atravessaram crise política como a AFA (Associação
de Futebol Argentina) conseguiram receber repasses de US$ 1 milhão no período.
Comparado com o mundo,
a CBF também está entre os lanternas. Em média, a Fifa distribuiu 51% dos
investimentos previstos em um total de US$ 297 milhões nesses dois anos.
Ficaram atrás do Brasil por conta de problemas de organização ou suspensão os
seguintes países: Sudão do Sul, Sudão, Nigéria, Líbia, Iêmen, Síria, Arábia
Saudita, Paquistão, Kuait, Coreia do Norte e Guatemala. Algumas dessas nações
passavam por conflitos sérios que impediam o desenvolvimento de programas
esportivos. No caso do Brasil, a questão foi manter um presidente acusado de
corrupção.
Em sua campanha pela
chapa única, o diretor-executivo da CBF Rogério Caboclo prometeu a federações
que o Brasil voltaria a receber recursos da Fifa, pois sua eleição facilitaria
principalmente a liberação do dinheiro do legado. Teoricamente, esse dinheiro
será destinado a Estados que não receberam a Copa do Mundo, sendo usado na
construção de centros de treinamento para desenvolvimento do futebol.
O blog não encontrou em
nenhuma parte do orçamento da Fifa para 2019-2022 a previsão desse investimento
de forma clara. Foi uma promessa do ex-presidente da Fifa Joseph Blatter
durante a Copa-2014. Mas, com o congelamento do dinheiro pelo caso Del Nero, só
um centro de treinamento foi feito no Pará.
Atualmente, a Fifa
tenta se recuperar de problemas financeiros causados pelo escândalo de
corrupção. Ainda fechou em déficit de US$ 189 milhões no ano de 2017, o
terceiro seguido no vermelho. Só que, como 2018 é ano de Copa do Mundo e o de
maior ganho para a entidade, a previsão é de que feche o ciclo de quatro anos
com superavit de US$ 100 milhões. A vantagem da Fifa é que tem reservas em
torno de US$ 1 bilhão, o que amenizou a fase difícil.
Com informações blog do
Rodrigo Mattos
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