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O tempo das redações gigantes acabou. Para sempre. A velha
prática de contratar mais e mais jornalistas para um ou outro novo suplemento –
e depois mantê-los no grupo mesmo que o produto deixasse de circular – é coisa
de um passado remoto. Ou seja, as demissões na Editora Abril não chegam a ser
surpreendentes, bem como o encolhimento das redações pelo Brasil.
Um estudo do respeitado Pew Ressearch Center revelou que em
10 anos o número de profissionais (jornalistas, fotógrafos, designers, etc) nas
redações dos EUA caiu 23% (algo como 27 mil empregos a menos). Se o corte for
para jornais o número é pior: 45% menos. Verdade que nos canais de TV aberta
não há queda (aumento de 3,5%) e nos meios digitais há uma explosão de
empregos, mais 79%, ainda que isso represente apenas 5.600 novos postos de
trabalho.
A leitura dos dados ensina que o modelo de organização de
trabalho em redações mudou dramaticamente. O que há 30 ou 50 anos era a
atividade principal do jornalista de redação hoje quase não existe. Na
universidade se ensinava (espero que não mais) que repórter era quem buscava a
notícia das ruas. Agora a informação básica vem sozinha. E repórter bom é quem
desconfia de dados, de números, e busca algo a mais. Repórter desnecessário é
aquele que aceita os releases sem discutir. E publica sem titubear, quase como
um assessor de imprensa. Em época de vacas magras, o descartável é limado
sumariamente.
O jornalismo, como todas as profissões do mundo, é composto
de bons e de maus profissionais. Só que a crise da indústria das comunicações
provocou uma situação inevitável: o funil se estreitou. É preciso ser realmente
diferente para vencer. E há um problema adicional: como mostrar as
competências? Se as grandes empresas demitem cada vez mais, como encontrar uma
brecha para mostrar alguma qualidade que possa chamar a atenção?
É aí que se dividem os bacharéis em jornalismo dos
jornalistas. O primeiro time, durante um estágio ou primeiro emprego, vai
tentar copiar o que os mais experientes fazem. O segundo grupo saberá
surpreender. E essa surpresa pode ser determinante para valer um emprego nesse
campo tão minado.
Talvez nesse hiato entre o emprego e a oportunidade se
encontre a verdadeira chance de ser alguém no mundo das comunicações. Por que
um emprego em uma redação tradicional? Por que não observar o comportamento da
audiência e tentar a vez em algo novo, diferente, em que não exista a lógica
antiga das hierarquias verticalizadas – em poder e em dinheiro – mas uma nova
maneira de conectar audiências e conteúdo? Redações pequenas, funcionais,
corretas, descontaminadas, produzem conteúdos muito mais adequados ao que o
cidadão do Século XXI precisa.
É claro que é mais fácil ter um emprego formal, um salário no
fim do mês, e não correr riscos. Mas os novos tempos exigem ideias,
criatividade e alguma dose de audácia. E nada como ser dono do seu negócio.
Nesse momento de crise, vale – muito – a pena arriscar.
Eduardo Tessler
Jornalista e consultor por portal meio&mensagem
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