Eurico Miranda: Você se lembra da briga do dirigente polêmico com a Globo?
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| Crédito: Getty Images |
O ex-presidente do Vasco, Eurico Miranda, será sempre lembrado por diversas polêmicas ao longo de sua vida como dirigente de futebol. A principal delas talvez seja o episódio no qual o então vice e futuro presidente mandou colocar o logotipo do SBT na camisa do clube na final da Copa João Havelange de 2000, um torneio que era exibido com exclusividade pela maior rival da emissora de Silvio Santos, a Rede Globo. Eurico morreu aos 74 anos nesta terça-feira (12), no Rio.
A final entre Vasco e São Caetano, apesar de ser de um torneio de 2000, foi disputada no Maracanã no dia 18 de janeiro de 2001. Mas a história dessa briga entre Eurico Miranda e Rede Globo começou algumas semanas antes, no final de dezembro.
Após conquistar a Copa Mercosul com uma virada histórica fora de casa por 4 a 3 contra o Palmeiras, o Vasco tinha a chance de faturar o Brasileirão pela quarta vez na história. Naquele ano, a CBF se viu impossibilitada de organizar a competição por causa de uma briga na Justiça comum com o Gama-DF. O Clube dos 13, instituição na qual Eurico Miranda sempre exerceu muita influência, tratou de assumir a missão de fazer um campeonato nacional e impedir o vácuo em 2000.
Nascia a Copa João Havelange, disputada por 116 clubes divididos em quatro módulos, com um regulamento que permitia – por mais difícil que fosse – a qualquer um deles ser o campeão brasileiro de 2000. Havia a promessa de que a CBF chancelaria o resultado da competição, inclusive levando campeão e vice para a Libertadores de 2001.
No fim das contas, o regulamento monstrengo da competição, que parecia apenas permitir o sonho dos clubes pequenos, acabou gerando uma das maiores zebras do futebol nacional, o São Caetano. O Azulão veio do Módulo Amarelo, equivalente à Série B, e eliminou, em sequência, Fluminense, Palmeiras e Grêmio. O projeto do time do ABC voaria ainda mais longe, mas o sonho de levantar o troféu nacional teria que passar pelo Vasco da Gama.
Após um empate em 1 a 1 no Palestra Itália, estádio do Palmeiras onde o São Caetano mandou seus jogos no mata-mata, Vasco e Azulão voltaram a se enfrentar no dia 30 de dezembro na casa do Gigante da Colina, em São Januário.
O São Caetano não se intimidou com o estádio vascaíno completamente lotado, e chegou a colocar uma bola na trave logo no começo do jogo. Ainda no primeiro tempo, o atacante Romário sentiu uma lesão e foi substituído. Com parte da torcida apoiando o jogador, e outra revoltada por achar que o ídolo havia “pipocado”, começou uma briga nas arquibancadas. Resultado: o alambrado do estádio cedeu e torcedores foram parar no gramado, com muitos feridos.
O jogo foi paralisado para o atendimento aos feridos. Pessoas caídas em várias partes do campo, ambulâncias, médicos. O cenário era de horror em uma partida que deveria ser de festa. O então governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, telefonou para o estádio e mandou que a Polícia Militar saísse do local, impedindo a continuidade da partida. Sem opção, o árbitro Oscar Roberto Godói encerrou o duelo sem um vencedor.
Revoltado, Eurico Miranda mandou os jogadores do Vasco comemorarem o título com a torcida, alegando que o duelo foi encerrado em 0 a 0, resultado que daria o título ao seu time devido ao gol marcado como visitante no 1 a 1 do jogo de ida. Eurico ainda chamou o governador Anthony Garotinho de “frouxo” e “incompetente”. É agora que nasce a briga com a Globo.
A emissora exibiu em seus telejornais uma reportagem que mostrava Eurico Miranda pedindo a retirada dos torcedores do gramado para que a partida continuasse, dando a entender que o dirigente tinha como prioridade o reinício do jogo. Imagens da transmissão, porém, mostram o presidente do Vasco dizendo que a prioridade era o atendimento das vítimas, frase que foi até elogiada no ar pelo narrador Galvão Bueno.
Veja como a Globo reportou em seus telejornais:
A vingança de Eurico Miranda aconteceu em janeiro. A organização da Copa João Havelange remarcou a decisão entre Vasco e São Caetano para o Maracanã. A decisão aconteceria na tarde de um dia útil. Os jogadores do Azulão já haviam sido dispensados ou até negociados com times do Brasil e do exterior, mas tiveram que voltar para a nova edição da grande final.
Logo na entrada em campo, a grande surpresa de Eurico Miranda. O Vasco, que havia terminado seu contrato de patrocínio com a Procter & Gamble, dona da marca de sabão em pó Ace, e viria com a camisa sem marcas na decisão. Era a chance de ouro. O time vascaíno subiu ao gramado do Maracanã com o logotipo do SBT na frente e nas costas da camisa.
A torcida entrou na onda e cantou gritos contra a Globo e músicas de Silvio Santos. O Vasco foi campeão ao vencer por 3 a 1. E o SBT, que oficialmente disse não ter conhecimento prévio da “homenagem”, teve acesso exclusivo ao vestiário após a conquista, reportada em seu principal telejornal da época. Confira no vídeo abaixo:

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