Direitos de transmissão: MP força modelo que enfraqueceu futebol europeu
![]() |
Foto/Reprodução |
A
determinação de que o clube mandante é o dono dos direitos de transmissão de
seus jogos, como determina a MP 984/2020, poderá forçar o Brasil a ter de vez o
modelo de venda individual de direitos que enfraqueceu os clubes no futebol
europeu e também deu muito mais poder à mídia.
Em dezembro
de 2002, a União Europeia (UE) encerrou dois anos de análise concorrencial
contra a Premier League. Desde 1992, o futebol inglês tinha um acordo exclusivo
de mídia com a BSkyB. A UE alegava que isso acontecia porque os clubes formavam
um cartel se unindo e negociando de forma coletiva os direitos. Para proteger o
torcedor, acreditava-se que a venda deveria se tornar individual, como era na
Itália.
Ao analisar
de forma mais clara o negócio, a UE decidiu que a venda coletiva de direitos
garantia melhor competitividade entre os clubes e reduzia abismos financeiros.
A Itália, antes vista como modelo, passou a ser questionada, já que três clubes
(Milan, Juventus e Internazionale) ficavam com 75% da verba de televisão, pois
conseguiam contratos mais vantajosos.
Só que, para
brecar o monopólio de uma empresa, a UE exigiu que a Premier League criasse
seis pacotes diferentes de transmissão. E colocasse um limite de até cinco
pacotes que podem ser comprados por uma mesma empresa.
O sucesso
comercial da Premier League fez Espanha e Itália adotarem, apenas em 2015, o
mesmo modelo. A ideia, assim, é tentar acabar com o abismo que se formou entre
os times e aumentar a competitividade com uma desigualdade menor.
Saiba como é
a questão de mídia em alguns dos principais campeonatos europeus:
Inglaterra:
Desde 2003, a Premier League é obrigada a dividir em seis pacotes de mídia os
seus direitos e vendê-los a pelo menos duas emissoras diferentes. A venda
coletiva entre os clubes, porém, foi estimulada por garantir divisão mais justa
da verba entre os times. Hoje, 50% da receita é dividida igualmente, 25%
conforme a posição final no campeonato e 25% pelo número de jogos transmitidos.
Isso enriqueceu os clubes. Dos dez clubes que mais faturam no mundo atualmente,
cinco são ingleses.
Espanha:
Desde 2015, os direitos de mídia na Espanha são negociados pela LaLiga. Isso
veio por força de lei, após um motim liderado por Espanyol e Sevilla, que
ameaçaram entrar em greve pela disparidade do que recebiam Barcelona e Real
Madrid (85% do total) na venda individual. Os dois grandes continuaram a
receber o mesmo de antes, mas o montante dos menores cresceu. Hoje, Barça e
Real faturam 15% a mais do que em 2015, início da venda coletiva.
Itália: Em
2008, a Lei Melani determinou que a venda dos direitos de mídia passassem a ser
feitas de forma coletiva. Isso foi feito após um embate entre os clubes. Até
então, Internazionale, Juventus e Milan embolsavam 75% da verba da TV. Depois
de a Juventus ser rebaixada por manipulação de resultados, em 2006, os clubes
menores exigiram maior igualdade. Atualmente, a diferença entre o clube que
mais ganha para o que menos ganha da TV no país é de 3 para 1.
Com informações Portal Máquina do Esporte
Comentários
Postar um comentário