Análise: Vivo mostra desnível entre mídia e futebol
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Imagem/Reprodução |
Quem
assistiu ao clássico entre Corinthians e Palmeiras na última quarta-feira (22),
na volta do Campeonato Paulista na Globo (transmitido para alguns estados), foi
surpreendido por uma ação da Vivo. A empresa de telecomunicações é
patrocinadora das transmissões de futebol da emissora, mas, para se adequar às
novas condições do "novo normal", resolveu ir além da mera inserção
publicitária no intervalo da partida.
A empresa
apostou em algo que está muito mais próximo de uma ativação de patrocínio
esportivo do que propriamente de uma compra de mídia. Com espaço recentemente
aberto pela Globo, em que há uma maior interação entre marcas e conteúdo, a
Vivo investiu na interação entre torcedores, com a divulgação de imagens de fãs
na torcida por seus times dentro de casa.
Ação bem pensada
e que teve uma resposta boa. Segundo informou a própria companhia, o QR Code
utilizado na tela para entrar na brincadeira foi usado 27% a mais do que em
ações de outras empresas que usaram a mesma tecnologia na Globo, com o código
na tela para direcionar ao conteúdo.
O curioso é
que esse tipo de ação tenha surgido na tela da televisão, e não como uma
ativação de marca no esporte. A própria Vivo é patrocinadora da Confederação
Brasileira de Futebol (CBF) desde 2005, mas faz raras ativações com a entidade.
Salvo, claro, compra de publicidade na televisão. Em geral, pouco se viu dos
patrocinadores em ações que tentassem aproximar o torcedor de sua paixão neste
momento de distanciamento social, o que seriam iniciativas óbvias e quase
obrigatórias. Com a grande exceção da Brahma, são raros os casos no Brasil.
Esse cenário é um bom resumo do relacionamento das marcas com o esporte. Para as companhias, o patrocínio esportivo está em um nível muito abaixo da mídia convencional. Para a publicidade na televisão, há um enorme deslocamento de verba e pessoal. O clube de futebol só recebe mais se for visto como outra modalidade de mídia. E, com um acordo fechado, ele se limita a isso.
Clubes e
entidades esportivas mais organizadas ainda sofrem muito no mercado brasileiro
porque são vistos como uma subcategoria dentro do universo de promoção de
marca, algo bem diferente do que se vê em grandes mercados. Quando as ativações
passarem a receber maior investimento financeiro e intelectual, as marcas
verão, finalmente, o tamanho do tempo desperdiçado.
Por Duda Lopes / Máquina do Esporte
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