Direitos das Eliminatórias: TV que pagou R$ 60 milhões tem capital 9 vezes menor e sofre penhora
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A TVWA (TV
Walter Abrahão), que acertou a compra de jogos da seleção brasileira nas
Eliminatórias por US$ 11 milhões (R$ 60 milhões), tem um capital nove vezes
menor do que esse valor, R$ 6,5 milhões. A emissora sofreu uma penhora judicial
de seus bens e contas por causa de uma dívida de R$ 365 mil. E há um indicativo
de que seu dono também não tem dinheiro sobrando para a aquisição.
Os direitos
das partidas das eliminatórias da Copa-2022 estão em aberto há meses porque
nenhuma emissora topou pagar o valor pedido pela Mediapro, agência que
intermediou o negócio. Globo, SBT e Band desistiram após a pedida de US$ 2
milhões por jogo da seleção. Assim, partidas do Brasil fora do país, com
exceção do clássico com a Argentina, estavam sem previsão de transmissão.
Nesta
semana, o colunista do UOL Milton Neves publicou que a TV Walter Abrahão tinha
acertado a compra desses 56 jogos. De fato, houve um acerto de valor com a
Mediapro. Para o negócio ser definitivo, faltam alguns detalhes financeiros.
Concluída a negociação, a TVWA vai transmitir seis partidas do Brasil nas
eliminatórias no caminho para a Copa-2022.
A TVWA
pertence a Walter Abrahão Filho, empresário e político, filho do ex-narrador
Walter Abrahão. Em 2020, comprou a Gamecorp, nome real da TVWA, de Fábio Lula
da Silva, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A empresa tinha
sido investigada na operação Lava-Jato por conta de investimentos feitos pela
OI, mas Fábio nunca foi condenado. Na sua época, era um canal sobre games.
O capital
registrado da Gamecorp é de R$ 6,485 milhões. O único sócio e detentor de todo
capital é Walter Abrahão Filho. No final do ano passado, ele transformou a
empresa em Sociedade Limitada, em vez de sociedade anônima. Sua sede é em um
andar em prédio na Vila Olimpia, na capital paulista.
Até o
momento, a emissora, que tem canais na Sky e na Claro, só vem exibindo programas
com nomes desconhecidos como "Dose Política", "Bi-lance" e
"A Força dos Heróis".
Com Walter
Abrahão Filho como dono, a empresa foi processada pela Links Apoio
Administrativo que prestava serviços de organização e supervisão dos produtos
televisivos no período de Lulinha. O novo dono rescindiu o contrato. Em
setembro de 2020, a Justiça de São Paulo determinou "a penhora de bens da
empresa (móveis e imóveis) para o pagamento do valor da execução", o que
inclui a conta da empresa. O valor total é de R$ 365 mil.
A Gamercorp
(TVWA) tentou suspender a execução oferecendo bens em garantia. Walter Abrahão
Filho colocou a disposição um carro pessoal dele e um outro veículo de uma
empresa da qual é sócio. É uma demonstração de que a própria Gamecorp não tem bens
suficientes para dar como garantia. Em petição, a empresa explica: "a
penhora de valores em conta corrente implicará deletério efeito à atividade
empresarial desenvolvida, impedindo-a de adimplir os compromissos assumidos com
fornecedores, empregados, prestadores de serviço etc., o que será claramente
agravado tendo em vista atual cenário mundial de pandemia."
Pelos dados
públicos mais recentes, o dono da TVWA, Walter Abrahão Filho, tem um patrimônio
de R$ 2,3 milhões, declarados à Justiça Eleitoral no final de 2018, quando foi
candidato a deputado estadual pelo PR. Possui fundos, uma casa e um carro. Além
da emissora, o empresário é dono de uma empresa de imóveis com capital de R$ 20
mil e que tem o mesmo endereço.
Ainda assim,
seu canal de TV fez uma oferta de R$ 60 milhões pelos 56 jogos das
eliminatórias. Ainda há uma questão de como a empresa provará que pode pagar
pelos direitos.
O blog
apurou que faz parte da operação da empresa Márcio Morón, ex-executivo da Fox
Sports que é próximo a Eduardo Zebini, atualmente responsável pela operação de
TV da CBF e também ex-funcionário da Fox. Questionada, a CBF informou
desconhecer a origem da TVWA e o negócio.
O empresário
Walter Abrahão Filho foi procurado pela reportagem na sede da empresa. Ele não
estava no local e não havia ninguém responsável que pudesse falar pela TV. A
estrutura de pessoal é reduzida no canal, segundo apurou a reportagem.
Com
informações Blog do Rodrigo Mattos / UOL Esporte com colaboração de Pedro
Lopes e Pedro Ivo de Almeida
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