Os planos do Grupo Warner para o futuro da Champions e do Brasileirão
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Imagem / Reprodução |
Detentora dos direitos da Champions e do Brasileiro, a Warnermedia avalia as duas competições em estágios diferentes de desenvolvimento em seu modelo comercial. A competição continental surfa em índices de audiência cada vez mais altos e sua parte comercial está consolidada. Enquanto isso, na Série A, a empresa norte-americana enfrentou disputas com clubes e com a Globo relacionadas aos direitos e parte financeira da competição no ano passado. E, agora, começa a deslanchar sua comercialização de forma mais duradoura.
Os planos
futuros para as duas competições correm em paralelo. Na Champions, a
Warnermedia expandiu seus direitos para a próxima competição e não os divide
mais com o Facebook por três anos seguintes. A final entre City e Chelsea será
o último jogo compartilhado. No Brasileiro, a empresa vê o fim da turbulência
com os clubes e faz uma aposta a longo prazo na rentabilidade da competição.
Não dá sinais de que vá devolver os direitos após 2021 como clubes cogitaram em
2020.
"Sou
apaixonado pela Champions. O Brasileiro é o principal produto no Brasil. Mas
tem uma variável de número de times por ano com contrato e teve um início
turbulento com os clubes. Conseguimos resolver com os clubes. O Brasileiro não
tem o mesmo retorno imediato. Se for comparar o nível de investimento, é uma
aposta de mais longo prazo. Diferente da Champions que é de três anos, você tem
que fazer a conta certinha para saber quanto vai dar ou já acaba. A aposta do
Brasileiro a gente sabia que ia ser mais difícil. Sabia que ia ser mais
difícil, tanto quanto audiência e comercial. Ao longo dos anos, a gente percebe
da parte comercial, isso vem aumentando. O mercado vem acompanhando",
analisou o vice-presidente de Esporte da Warnermedia, Fábio Medeiros. E
completou: "No direito do Brasileiro, os primeiros anos tendem a dar
prejuízo para construir a base. É o natural."
A
turbulência com os clubes foi relacionada a uma discussão da remuneração do
contrato. Houve um acordo no início do ano com o grupo de oito clubes. Isso
acabou com o problema e consolidou a relação que, contratualmente, vai até
2024. Já foram pagas cotas deste ano.
Ao mesmo
tempo, a empresa tem vendido a Champions e o Brasileiro em paralelo em pacotes
de publicidade. A competição europeia tem todas as 12 cotas negociadas. O
Brasileiro já atingiu a marca de cinco. Há uma aposta em entregas de
publicidade tanto na TV quanto nas redes sociais. A TNT Sports tem forte
penetração em redes, construída ainda no período em que se chamava Esporte
Interativo.
"Levamos
os pacotes para o mercado em um território futebol. A gente sonda e oferece os
dois. Tem empresas que quiseram comprar os dois. Houve empresas que só têm
um", contou Marcelo Pacheco, vice-presidente de Ad Sales e Inovação da
Warnermedia.
No caso da
Champions, a atuação da TNT Sports será expandida na rede para a próxima
temporada agora que o Facebook não tem mais direitos. Haverá transmissões de
programas relacionados às competições e anúncios em redes como o Tik Tok e
Twitter.
No Brasileiro,
a aposta nas redes é para atingir receita publicitária similar à que a Globo
obtém no mesmo produto. "Sou um cara muito de métrica de quantidades de
jogos que a Globo tinha e quanto ela cobrava. Olhando métricas e pacotes para ter
esse valor proporcional do que eles cobravam no mercado. Temos que analisar
como conseguimos isso", completou Pacheco.
Essa
estratégia se baseia em um crescimento constante de audiência na Champions.
Segundo Medeiros, a competição cresce 20% a cada ano em audiência. E a sua
expectativa é de aumento mesmo com a entrada do SBT com transmissões em TV
Aberta da Champions em 2021/2022.
"No dia
que passar no SBT, vai ter um impacto (na audiência do jogo). Mas vai ajudar a
promover o jogo de quarta-feira. Quando pega um histórico de direitos que eram
só de pay tv (TV Paga), achavam que ia reduzir audiência quando chegou a TV
Aberta e não aconteceu. A TV Aberta acaba popularizando e promovendo muito. Um
toma lá dá cá. SBT está fazendo um trabalho de divulgação. Vai ajudar a promover",
contou Medeiros. Ou seja, as partidas do SBT serão na terça-feira, e não na
quarta-feira como ocorriam na Globo antigamente.
Há ainda uma
diferença qualitativa. O TNT Sports agora vai transmitir sempre a melhor
partida (primeira escolha) da rodada. Com o Facebook, tinha a segunda escolha
em um dos dias da semana. Então, o jogo principal será no TNT e o segundo jogo,
no Space. As outras partidas irão para o Estádio TNT, streaming do grupo.
Haverá ainda jogos no HBO MAX em modelo a definir.
Em relação
ao Brasileiro, a Warnermedia diz que a audiência também tem crescido com o
costume de ver jogos na TNT. Há uma variação de acordo com os desempenhos dos
times que têm assinatura com o canal. As maiores audiências, por exemplo, são
geradas pelo Palmeiras.
"O
Brasileiro criou um hábito. No primeiro ano, a gente sofreu um pouquinho. Por
coincidência, a Globo pegou muitos horários dos nossos jogos. Foi melhorando
porque temos mais jogos exclusivos. Foi gerando mais audiência. Palmeiras gera
mais audiência, mas, neste ano, já não tinha chances antes do final. Clubes
como Athletico-PR que deram audiência muito legal. Um acaba compensando o
outro. O pré-jogo antes também tem feito diferença. Como não somos um canal
exclusivo de esporte, o espectador não zapeia procurando um programa. Então
criamos uma janela do esporte. Isso foi construindo audiência e medimos a
retenção", contou Fábio Medeiros.
Assim, houve
aumento nos horários de esporte no TNT nos dias de jogos. Haverá algumas
novidades tecnológicas nas transmissões para superar as limitações resultantes
da pandemia de coronavírus. Então, repórteres ou narradores vão aparecer
virtualmente dentro do estádio. As narrações continuam a ser feitas do estúdio.
Na visão dos executivos da empresa, houve também uma consolidação da nova marca TNT Sports, que substituiu o Esporte Interativo. A percepção é que o ganho como marca regional, que também está em países como Argentina e Chile, compensou a troca. O grupo passou a ter os direitos da Champions também no México.
Medeiros afirmou ver um potencial enorme no Brasileiro. Ele entende que haveria um crescimento do valor a ser pago pelos direitos caso a competição fosse vendida coletivamente com um empacotamento único, como é feito com as ligas nacionais na Europa.
"Na Argentina,
compramos com a Fox todo o pacote da Argentina. No Chile também. Já falei para
pessoas da CBF que seria o melhor para o futebol brasileiro para oferecer um
produto melhor para os seus compradores (venda coletiva). Eles tendem a pagar
mais porque têm um produto maior para seus modelos de negócios. Se tem um
produto mais organizado, vem empacotado de forma mais profissional, dá para
fazer um bussinessplan (plano de negócios). Precisa ser empacotado. Quando mais
previsibilidade melhor. Se não é assim, tende a pagar menos. Seria o melhor
para o futebol brasileiro", analisou Medeiros.
Como todas
as grandes empresas de comunicação, a Warner não costuma falar de estratégias
futuras para compras de direitos de competição. Mas o vice-presidente de
Esportes da empresa deixa claro que há interesse em expandir no mercado
brasileiro se houver ofertas atraentes.
"A
Warnermedia não comenta nenhuma negociação. Claro que a gente tem uma marca
regional, e a ideia é ser a marca mais relevante para o fã de esporte no Brasil.
Sempre estaremos atentos de buscar modelos e direitos que sejam atraentes. Essa
resposta vai valer hoje, vai valer mais daqui a dois anos. É esse o nosso
principal objetivo", completou.
Com informações
Blog do Rodrigo Mattos / UOL Esporte
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