Streaming quer devolver direitos da Libertadores e Sul-Americana à Conmebol
A Paramount,
que vive uma crise financeira e tenta encontrar um comprador para a sua
operação, está tentando rescindir o contrato de direitos de transmissão das
Copas Libertadores e Sul-Americana para a América Latina – incluindo o Brasil.
Os torneios estão na empresa desde o ano passado como o carro-chefe do
streaming Paramount+ no Brasil. O acordo com a Confederação Sul-Americana de
Futebol (Conmebol) vai até o fim da temporada 2026.Imagem / Reprosução
A Paramount
tem a segunda escolha de exibição de ambos os torneios, e tem exibido partidas
exclusivas de times da Série A do Campeonato Brasileiro como Atlético, Grêmio e
Botafogo. A alegação da Paramount é que a empresa vive um momento difícil. Os
pagamentos para a Conmebol estão em dia, mas o torneio só tem tido bom retorno
financeiro no Brasil e na Argentina. Em outros países do continente, onde a
empresa americana também tem os direitos para mídia aberta, o retorno tem sido
muito abaixo do esperado. A arrecadação nos dois países principais não é o
suficiente para evitar o prejuízo na região com o evento.
Há duas
linhas de conversas neste momento. A primeira seria devolver os direitos nos
países deficitários, e ficar somente com propriedades das competições no Brasil
e na Argentina. A segunda, e a mais tentada por executivos da Paramount, é
repassar os direitos para terceiros ou até mesmo devolvê-los para a Conmebol,
que entregaria os jogos que seriam da Paramount para outro grupo de mídia. Para
a montagem da equipe de transmissão no Brasil, a Paramount contratou nomes
conhecidos no mercado, como João Guilherme, Nivaldo Prieto, Paulo Vinícius
Coelho, o PVC, Alê Xavier, entre outros. Esses profissionais têm contrato fixo
com a Paramount até 2026, e caso a multinacional consiga desistir do projeto,
eles seriam ressarcidos pela quebra de contrato.
Não é a
primeira vez que a Conmebol precisa lidar com algo do tipo. Em 2020, durante a
pandemia, a Globo rescindiu o acordo pelos direitos da Libertadores de forma
unilateral. A emissora fez um acordo em 2021 e pagou uma multa para a entidade.
No atual ciclo 2023-2026, uma renegociação
também não é algo inédito para a Conmebol. O aplicativo OneFootball renegociou
seu contrato com a Conmebol pelos highlights (melhores momentos do jogos) das
competições, e devolveu os direitos na América do Sul, com exceção do Brasil,
para reduzir custos.
Crise da
Paramount
Segundo
balanços divulgados pela própria Paramount para acionistas, o streaming
Paramount+ deu um prejuízo de S$ 1,6 bilhão (R$ 8,2 bilhões na cotação atual)
em 2023. Por conta do problema, produções foram canceladas, como o reality show
Rio Shore.
Os papéis da
companhia, negociados na bolsa de valores dos Estados Unidos, acumulam uma
queda de 52% em 12 meses. Em três anos, o tombo é de 73%. No balanço do ano
passado, há cerca de US$ 14 bilhões (R$ 72 bilhões) em dívidas e empréstimos
devidos.
Por conta
dos problemas financeiras, a Paramount está à venda para sanar a crise. O fundo
de capital privado Apollo Global teria, de acordo com The Wall Street Journal,
ofereceu US$ 11 bilhões para comprar apenas as divisões de cinema e TV da
Paramount, mas a proposta foi recusada.
O fundo fez uma segunda proposta de US$ 26
bilhões pelo grupo todo, mas o negócio também não foi aceito. Agora, de acordo
com The New York Times, a Apollo está buscando o apoio da Sony, que já tem a
Columbia Pictures, para fazer a aquisição por completo. A entrada da Sony
agrada acionistas da Paramount.
O maior entusiasta para a compra da
Libertadores e da Sul-Americana pela Paramount, em maio de 2022, foi o
executivo JC Acosta, então presidente da empresa na América do Sul. Logo após o
acordo, em outubro do mesmo ano, Acosta foi demitido da companhia.
A Paramount é dona de um dos estúdios de
cinema mais tradicionais do mundo, que produz franquias como “Top Gun” e
“Missão: Impossível”; de marcas de TV como MTV e Nickelodeon; e da Pluto TV,
plataforma de streaming gratuita mais vista do mundo.
Com
informações Portal NO ATAQUE
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